9 de jun. de 2006

Gesto obsceno de piloto da American Airlines gera indenização superior a R$ 1 milhão

A juíza Renata Sanchez Guidugli, da 29ª Vara Cível de São Paulo, condenou ontem a companhia aérea American Airlines a indenizar os agentes federais do setor de desembarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em R$ 175 mil para cada um deles, por danos morais - o que totaliza R$ 1,225 milhão. Os agentes alegaram que o piloto fez um gesto obsceno durante a identificação. Cabe recurso de apelação da sentença ao TJ de São Paulo.
A ação foi ajuizada pelos policiais federais Thereza Neuman Menezes de Freitas, Ricardo Ahouagi Azevedo, Paula Chagas Lessa Vidal, Ernesto Kenji Igarashi, Rafael Potsch Andreata, Luiz Eustáquio dos Santos e Ruy Mariano Silva Carvalho. Todos estavam no setor de desembarque do Aeroporto de Guarulhos, no dia 13 de janeiro de 2004.
Naquela semana tinha começado a vigorar uma determinação da Polícia Federal de que - tal como acontecia com os brasileiros que ingressavam nos EUA - os cidadãos norte-americanos teriam que ser fotografados. O sistema implantado no Brasil funcionou, nos primeiros dias, precariamente. Os estrangeiros postavam-se para ser fotografados por uma máquina Polaroid e tinham que segurar um papel com um número de identificação. Nos aeroportos norte-americanos, o sistema já era todo informatizado. Outros integrantes da tripulação do vôo AA. 907, que se recusaram a tirar fotos e registrar as digitais, foram impedidos de entrar no Brasil.
Sentindo-se ofendidos pelo piloto comandante, Dali Rabin Era, com um gesto obsceno feito no momento da identificação datiloscópica, os agentes deram voz de prisão ao aeronauta. Algumas horas depois o piloto foi encaminhado à autoridade judicial federal e lhe foi imposta multa. Após o pagamento feito pela empresa, Dali foi liberado e deportado para seu país de origem, retornando como passageiro em um vôo da Tam. O valor da multa (R$ 36 mil) foi doado a uma entidade assistencial de Guarulhos. No retorno aos EUA, o piloto foi colocado em férias e nunca mais se soube se ele voltou às suas atividades na empresa - mas o real é que ele jamais voltou ao Brasil. No dia 25 de janeiro de 2004, a American Airlines distribuiu uma nota pública lamentando o ocorrido e desculpando-se com o governo brasileiro.
Mais alguns dias depois, Brian Fields, chefe dos pilotos da American em Miami, aterrissou em São Paulo exclusivamente para uma visita de cortesia ao delegado da Polícia Federal no Aeroporto de Cumbica. “Queríamos deixar claro nosso apreço pelo Brasil”, disse ele. Era a luta para recuperar a imagem que o desastrado piloto havia colocado em risco.

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